Séneca - O preceptor acusado de conspiração



Lúcio Aneu Séneca, o Jovem, terá nascido entre o

ano 4 a.C. e I d.C., em Córdova (Corduba), na Bética,

província da Hispânia, e morreu em Itália, no ano de

65 da nossa era. Filho de Aneu Séneca, membro da

ordem equestre, era o segundo de três irmãos, dos quais

o mais velho, Aneu Novato, se tornou um orador ilustre

e o mais novo, de nome Mela, foi o pai do poeta épico Lucano.


Chegou a Roma ainda jovem, para completar

a sua educação. Nos primeiros anos dedicou-se com

grande entusiasmo à filosofia (estoicismo), o que atrasou

a sua carreira política. Mas, por volta de 31, regressa

do Egito, aonde fora com a finalidade de recuperar de

uma doença prolongada, e torna-se questor talvez ainda

durante o principado de Tibério.


Algum tempo depois de escapar à inimizade de

Calígula, que talvez tenha pensado em matá-lo, já no

principado de Cláudio, em 41, recebeu ordem de exílio

e passou oito duros anos na Córsega. Fora acusado

de adultério com um membro da família imperial,

eventualmente a irmã de Calígula, Júlia Livila. 


Esta acusação pode ter sido uma forma de afastar um homem

cujo pensamento e espírito mordaz criavam incómodo.

Agripina, a segunda mulher de Cláudio, chama Séneca do exílio, 

provavelmente em 49, tornando-o tutor de seu filho Nero, 

para o preparar para assumir o principado. 


E, com efeito, uma vez assassinados, primeiro, 

Germânico, filho de Cláudio e de Messalina e  depois, 

o próprio Cláudio, dois crimes aos quais

talvez não tenha sido alheia a própria Agripina, Nero é

declarado imperador. A colaboração de Afrânio Burro,

chefe da guarda imperial, e de Séneca, conselheiro do

princeps, proporcionou grande estabilidade durante os

primeiros cinco anos deste principado, de 54 a 59.


Uma nova fase principia com o matricídio

perpetrado pelo imperador em 59. Séneca escreveu a

carta enviada por Nero ao senado, na qual Agripina era

acusada de conspiração e se lhe atribuía suicídio. Com a

reputação abalada, pois todos reconheceram o autor da

carta, o filósofo manteve-se junto do imperador durante

mais três anos. 


Com a morte de Burro em 62 (talvez por

envenenamento), Séneca viu a sua influência em causa,

pois Nero voltava-se para outros conselheiros. Tentou

afastar-se, mas o imperador não lhe permitiu que se

retirasse, nem aceitou a restituição, que ele pretendia,

dos bens adquiridos durante o tempo em que fora seu

preceptor e conselheiro.


Mais tarde, após o incêndio de Roma em 64,

Séneca colocou, de novo, o seu património à disposição

e desta vez a oferta foi bem recebida, pois Nero

precisava de um acervo extraordinário de riquezas para

os megalómanos projetos (entre eles, a célebre domus aurea), 

que o levaram a acusar de maiestas, crime contra

o Estado na pessoa do imperador, numerosos romanos

abastados, cujos bens cobiçava.


Em 65, acusado de envolvimento na conspiração

de Pisão1, Séneca recebeu ordens para se suicidar. Além

dele, morreram também os seus dois irmãos, o sobrinho

Lucano, entre outros familiares e amigos. Segundo

Tácito, a morte do antigo preceptor foi de todas a que

mais agradou a Nero.


Tradução do latim, introdução e notas: Ana Alexandra Alves de Sousa                    Séneca (Medeia) - Coleção Autores Gregos e Latinos Série Textos.


No documentário abaixo extraído da BBC: Filosofia, um guia para a felicidade você fica sabendo um pouco mais sobre Séneca e a raiva.







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